quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Da cabeça aos pés ou de como nos pormos a jeito…


Começa hoje, é hoje que começa o tempo favorável…
Com as cinzas que me marcam a fronte e me recordam, aquilo que procuro nunca me esquecer: acreditar no Evangelho é um processo contínuo de conversão.
Começam 40 dias, que não o são bem e que precisam de muitas contas para que o possam de facto ser…
40 dias de quê? Não, antes 40 dias porquê?
Porque o povo de Deus, o da primeira aliança, precisou de 40 anos para atravessar o deserto, ou melhor, para, como povo, alcançar a terra prometida…
Porque Cristo esteve 40 dias no deserto e para lá foi conduzido pelo Espírito “a fim de ser tentado”…
Quarenta dias a pormo-nos a jeito da tentação… algum dia me apeteceu mais carne do que hoje? Conduzidos pelo espírito a fim de sermos tentados, e termos fome e ficarmos vulneráveis mas prevenidos que ele tentará…
Tentará seduzir-nos pelo  PODER, “transforma esta pedra em pão” dir-nos-á.
Tentará seduzir-nos pelo TER, “se… tudo o que vês será teu…” com uma voz sibilante
Tentará seduzir-nos pelo APARECER, “atira-te… os anjos virão para te segurar”, com voz de quem te está a lembrar uma coisa boa que tu sabias mas que te tinhas esquecido…
E a cada tentativa ouvirá sempre a mesma resposta, SIM ao Deus que é mais importante para  a minha subsistência do que o próprio pão.
SIM, ao Deus que me quer tanto que dá sentido que só a Ele adore e preste culto.
SIM ao Deus que merece da minha parte uma atitude tão fiel como a d’Ele para comigo e a quem não desafio, seja sobre que motivo for.
E quando ele me tiver tentado com toda a espécie de provação, afastar-se-á de mim “por um tempo” …
A Quaresma que começa com as cinzas, sinal forte da minha debilidade, mas que terminará com a água com que Jesus lavou os pés aos discípulos… terminará com a água do meu baptismo (re)assumido, refontalizado e revigorado em mais uma celebração festiva e solene do grande acontecimento… o maior, o mais intenso e decisivo: paixão|morte|ressurreição  de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Quaresma aparece assim encerrada entre dois sinais, o da cinza, na cabeça, e do da água, nos pés, a fazer-me recordar que toda a vida cristã é uma conversão constante do todo que somos, mesmo, da cabeça aos pés.

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